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Red Pass

Rumo ao 38

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Benfica 3 - 1 Braga: Marafona Irritou, Mitroglou Bisou!

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 (Foto: João Trindade)

 

Oportunidade de acesso à liderança aproveitada. Fechar a jornada em 1º lugar é a grande notícia de Setembro depois do drama do empate com o Vitória FC e uma onda interminável de lesões, o Benfica está de volta ao seu lugar.

 

Comecemos pelo Braga porque não é um adversário qualquer do meio da tabela.

Mais uma vez, o Braga chegou à Luz e mostrou um futebol à altura de um duelo pela liderança no campeonato. Já na época passada tinha entrado muito bem no nosso estádio e acabou traído pela falta de eficácia atacante. A história repetiu-se, os avançados de Peseiro não aproveitaram as oportunidades criadas e concedidas e acabaram a sofrer. Mas há um factor comum nestas últimas visitas do clube minhoto à Luz. Além de conseguirem marcar sempre, o que prova a intenção atacante e até os premeia, há ali um pormenor que o clube tem de limar. Vou puxar pela memória da última passagem do Braga por cá antes desta jornada, foi na meia final da Taça da Liga quando o Benfica teve de jogar numa 6ª feira para o campeonato e numa 2ª feira disputou o acesso à final de Coimbra. Aí o Braga tinha tudo a seu favor, a equipa do Benfica lutava até à exaustão pelo título, tinha ido longe na Champions League e Rui Vitória teve de rodar a equipa quase toda. O que fez o Braga? Tentou arrastar o jogo para o desempate por penaltis. O Benfica venceu o jogo nos 90'.

Agora, à 5ª jornada, os minhotos chegavam à Luz com possibilidade de subir ao 1º lugar da Liga. Começaram bem e proporcionaram um começo de jogo emotivo, aberto, contagiante. Lá está, foram desperdiçando oportunidades e sentiram o Benfica a crescer.

A partida estava electrizante até que Marafona resolveu pôr gelo. É isto que não bate certo com a atitude do resto da equipa que parecia determinada a lutar olhos nos olhos pelos 3 pontos. Quando o guarda redes começa a demorar a repor a bola em jogo, quando é ele o grande culpado por pouco se jogar entre o minuto 15 e o minuto 23 com assistências no relvado prolongadas, quando se quebra assim o ritmo de jogo opta-se por retirar intensidade ao ataque do Benfica mas acaba também por trair o esforço dos seus jogadores mais ofensivos.

Ou seja, aos 23 minutos passava-se da vertigem de lances atacantes para a manha menor de um guarda redes. Perguntava-se na bancada: mas se está assim tão magoado porque não sai?

A resposta veio rápida. Aos 27 minutos Mitroglou fez o 1-0 e as dores, a lesão e o sofrimento de Marafona desapareceram por milagre até ao final do jogo.

O Braga tem que decidir se quer lutar de igual para igual com os clubes que estão em patamares superiores ou se prefere continuar a pensar pequeno.

 

Depois há a conversa de José Peseiro que goza de enorme apoio mediático. Dizer que foi um pobre coitado expulso por defender os seus jogadores não serve de nada quando todos vimos a maneira descontrolada como saiu da sua área de intervenção para vir até ao outro lado do campo refilar com a equipa de arbitragem num lance obviamente legal. Ou tem que perceber melhor as regras ou precisa de mais auto controlo. Fazer-se de vitima fica-lhe mal. Mesmo com todo o conforto dos media.

A tentativa de Peseiro ir para o meio de benfiquistas na bancada central é ainda mais surreal. Na Pedreira o Benfica é tratado com um ódio idêntico ao que vemos no Dragão, por exemplo, por adeptos e intervenientes no jogo. Nas últimas épocas são mais que muitos os casos ali passados mas o treinador do Braga acha que na Luz pode e deve ver o jogo em harmonia com os adeptos que são mal tratados na casa que agora representa. Surreal.

 

( Galeria de fotos de João Trindade)

 

 

O que interessa, o Benfica.

Os outros resultados da jornada só seriam bons para o Benfica se a equipa conseguisse superar o adversário na luta pela liderança. O jogo não era nada fácil e o contexto continua a ser delicado. Muitas lesões, dois jogos em casa, embora em cenários muito diferentes, sem ganhar e a ansiedade de chegar a um lugar que na época passada demorou muitas semanas a ser conquistado.

A melhor ideia que Rui Vitória expôs desde que tomou conta do banco encarnado é esta: de cada problema fazer uma nova oportunidade.

Um lema que não é só teoria nem fachada. É uma ideia que tem sido posta em prática e que tem sido a melhor notícia no Benfica em décadas. Sem medos, o treinador tem lançado jogadores dentro de uma ideia de jogo e tem dado toda a confiança para que os mais novatos ganhem o seu lugar.

 

É bom relembrar que temos estado sem André Almeida, Jardel, Luisão, Jonas e Raul Jimenez. Isto na ressaca das partidas de Gaitán e Renato. De repente, a equipa ganhou uma nova alma com Grimaldo a defesa esquerdo, Nelson na direita e Lisandro a jogar ao lado de Lindelof, que agora já nos parece um veterano. André Horta tem batalhado pelo seu espaço, Salvio renasceu na direita, Pizzi adapta-se à esquerda e Gonçalo Guedes tem aproveitado para usar a sua maior arma, a velocidade. Com o regresso de Mitroglou as coisas funcionaram bem.

 

Longe de termos a equipa ideal, muito longe disso, mas com tantos problemas as soluções, as tais oportunidades, têm resultado bem. Há uma ideia de jogo, há rotinas, há objectividade na hora de lutar pela vantagem no jogo.

Claro, que se vislumbram muitos problemas. Desde logo a nível defensivo, a definição de linhas e profundidade do ataque adversário não estava fácil de gerir. Hassan, Ricardo Horta, Wilson Eduardo e Pedro Santos, ontem exploraram bem as hesitações defensivas do Benfica. Mas com ajuda do incrível Fejsa e o esforço dos jogadores mais ofensivas a equipa vai se segurando. Quando já não há nada a fazer também temos Júlio César que negou de forma soberba o golo ao Braga várias vezes. A qualidade conta muito.

 

O Benfica mesmo em vantagem não conseguiu controlar o jogo, andou muito tempo atrás da bola e não conseguiu fechar o jogo. Até aos 74', altura do 2-0, a partida estava perigosamente aberta. Rui Vitória jogou um triunfo importante para relançar a equipa para o ataque. Não foi tanto a entrada de Carrillo que mudou o jogo mas sim a passagem de Pizzi da esquerda para a direita para o lugar de Salvio. O português renasceu dentro do jogo. Assumiu mais a bola, motivou-se e faz uma parte final impressionante. É ele que assina o 2-0 e ainda teve tempo para oferecer o 3-0 a Mitroglou. Pizzi na direita é um luxo.

Destaque para as combinações que nascem à esquerda. Grimaldo tem feito um arranque de época incrível e é ele que dinamiza todo aquele corredor. Atenção ao primeiro golo que aparece todo por aquele lado. Velocidade de transição de Grimaldo, qualidade de passe de Pizzi e explosão de Guedes que foi até ao fim para cruzar na perfeição para Mitroglou marcar. Há movimentações muito interessantes a aparecer entre jogadores que , teoricamente, nem eram para estar todos juntos em campo.

 

Foi um excelente resultado, uma exibição motivadora e há que reconhecer que o Benfica tem lutado contra adversidades que o estão a tornar mais forte. Veja-se a entrada do menino José Gomes. A estreia na Luz podia ter sido com um golo, tal como a estreia na Liga em Arouca esteve para ser épica. Adivinham-se grandes feitos ao nosso avançado.

Sabendo que tudo isto só pode melhorar com os regressos de Jonas, Raul, Rafa, Jardel ou André Almeida, ficando ainda a expectativa de ver o que vale Zivkovic, por exemplo, eu diria que estamos num belo caminho.

 

Felizmente, já lá vai o tempo em que ríamos das quedas dos nossos rivais e depois não aproveitávamos. Hoje já todos sabem que não podem vacilar, o Tri Campeão continua com muita vontade de vencer.

 

Mas temos muito que melhorar, nada melhor que recordar mais um golo sofrido para entender as dificuldades da equipa.

Depois de tanto foguetório que se viu por aí na última semana, sabe bem preparar a próxima luta na liderança.

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