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Red Pass

Rumo ao 38

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Benfica 1 - 0 Zenit: Vivos!

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(Fotos: João Trindade)

 

Recuperar o ânimo perdido na 6ªfeira, reanimar equipa e adeptos, não sofrer golos em casa, fazer uma exibição digna da Liga dos Campeões, marcar e ganhar. Tudo conseguido na mesma noite numa grande resposta ao resultado negativo do clássico. Estamos de volta.

 

Esta época o Benfica tem o mérito de já ter ganho um jogo a todas as equipas que lhe saíram em sorte na Champions League. Não sei há quanto tempo não acontecia tal coisa, sei que não é normal tamanha eficácia na maior prova de clubes do mundo. Depois de Astana, Galatasaray, Atlético em Madrid, também o Zenit perdeu na Luz. Finalmente, Villas-Boas sai daqui com uma derrota.

 

A primeira nota vai para a habitual mágoa de sermos o único clube que não enche o estádio numa fase tão avançada da Liga dos Campeões. A segunda nota vai para os que vão à Luz mas teimam em ir embora antes do minuto 90, espero que o regresso a casa sem trânsito nem confusões tenha corrido bem.

 

O Benfica para lutar pelo apuramento para os 1/4 de final da Champions sabia que não podia sofrer golos em casa e que era importante levar uma vantagem, ainda que mínima, para a Rússia. Para isso Rui Vitória voltou a apostar no mesmo onze que jogou o clássico num claro sinal de confiança na sua equipa. A grande surpresa, para não dizer mistério, é o desaparecimento de Salvio do banco dos suplentes.

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A equipa foi a mesma mas a estratégia mudou. Inteligentemente, o Benfica procurou uma posse de bola em segurança sem arriscar muito tanto posicionalmente como tacticamente. Percebeu-se que o Zenit privilegiava a postura defensiva com dois blocos mais baixos preocupados em não dar espaço ao jogo interior do Benfica prendendo Gaitan e Pizzi nas alas e com forte marcação no desequilibrador maior, Renato Sanches.

Não dava para atacar em barda e era preciso ter muita atenção às saídas dos russos em contra ataque quando recuperavam a bola. Danny no meio, Hulk à direita e Shatov na esquerda, saiam rapidamente à procura da referência gigante na frente, Dzyuba, para tentarem um golo que lhes daria enorme vantagem no duelo. Javi e Witsel muito importantes como dupla destruidora à frente de Garay e Lombaerts. Muita qualidade individual neste Zenit, como é habitual, e com destaque para o guardião Lodygin que fez uma bela exibição na Luz.

 

Na primeira parte a boa notícia é que o Zenit nem chegou a assustar a baliza de Júlio César. Lindelof e Jardel deram conta do recado e André Almeida com Eliseu eram expostos a testes de fogo que souberam superar com manha e inteligência. André apesar de ter visto um amarelo que o tira do jogo da 2ª mão conseguiu que Criscito tivesse o mesmo azar. Eliseu aproveitou a falta de rodagem de Hulk para o anular.

No ataque só duas boas oportunidades na primeira parte, um remate inofensivo de Pizzi e um grande pontapé de Jonas desviado por um adversário que quase dava golo.

 

O 0-0 ao intervalo não entusiasmava mas também não desmoralizava.

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O momento critico do jogo aconteceu por volta do minuto 50 quando o Zenit tenta, finalmente, empurrar o Benfica para trás e procura convincentemente um golo. Momentos de autoridade em três avisos, Witsel com dois remates perigosos e Hulk a ameaçar de longe mostraram a melhor fase dos russos.

A partir daí o Benfica tomou conta do jogo e aumentou a intensidade na procura do golo. Sabia-se que o Zenit ia ceder fisicamente por força da falta de competição e era a hora do ataque encarnado mostrar serviço. Foi aí que apareceu Lodygin a negar um golo feito a Gaitán e mais um par de boas defesas já a contar com a subida dos centrais do Benfica à área contrária.

Apesar das boas ocasiões criadas parecia que nada ia bater o guarda redes do Zenit. Vitória lançou bem Raul Jimenez que veio dar maior mobilidade ao ataque e procurou na entrada de Carcela maior desequilíbrio nas subidas pela ala direita. Foi o melhor período do Benfica que procurou a felicidade aparecida já fora de horas com um livre batido por Gaitán que encontrou a cabeça de Jonas. Tudo isto com enorme ajuda de Jardel que concentrou em si todas as atenções das torres do Zenit dando espaço para Jonas brilhar.

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O festejo foi emocionante dentro e fora de campo, Jonas sentiu o rótulo de falhado nos grandes jogos a cair e o povo rejubilou de raiva depois de dias tristes a digerir um desgosto inesperado. Um final de jogo épico a relançar o Benfica no caminho do sucesso.

O sonho da Champions mantém-se vivo, a brilhante carreira na prova continua e o horizonte voltou a ficar mais sorridente.

A volta está dada, a eliminatória está bem lançada. Continuar a acreditar em Paços de Ferreira, é o que se exige a seguir.

Grande noite europeia, daquelas a que o Benfica pertence.

Benfica 1 - 2 Porto: Do Sonho ao Pesadelo Para Ficar à Espera de Um Milagre

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(Fotos: João Trindade)

 

 Uma das discussões mais acesas que tenho nos últimos anos é à volta de rivalidades e inimigos. Dou como bem resolvida a minha questão do meu maior rival mas ao argumentar fico sempre com a sensação que não sou compreendido e, pior, faz-se confusão com as conclusões. Os benfiquistas do norte acusam-me sempre de ter a rivalidade trocada. Não aceito. A explicação é simples, cresci e vivo em Lisboa e sei bem o que é a rivalidade com os verdes. Nem tem discussão. Isto não quer dizer que ache mais fácil ou mais importante vencer o Porto que o Sporting. Aqui é que está a chave da questão. Os derbys empolgam-me, deixam-me algo nervoso, muito ansioso e acho sempre que vamos ganhar. Os clássicos assustam-me, chateiam-me, deixam-me desconfiado e acho sempre que podemos não ganhar. Tão simples e claro como isto. Não belisca o sentimento pela rivalidade. Acrescento ainda que levo muito mais a sério os confrontos com os azuis do que com os rivais da capital onde passo muito mais tempo na galhofa. Um rival não se escolhe, sente-se. No norte acho absolutamente lógico que os meus companheiros benfiquistas elejam o Porto. Na abordagem ao jogo é que estamos sempre de acordo, é muito difícil.

 

Esta introdução serve para explicar que este jogo começa a correr mal na sua abordagem. Ouvi e li muitos benfiquistas anónimos a fazerem o enterro ao Porto e a diminuir a dificuldade do clássico. Considero que este é o maior erro de cálculo dos benfiquistas ao longos dos últimos anos. Um erro que os portistas sentem e aproveitam para fazer das fraquezas as suas forças e reaparecerem em grande. Andamos há anos para passar das palavras aos actos.

Eu assisti à transformação do Porto em clube dominador e nunca senti que tivessem morrido. Houve uma época que corria tudo mal ao Porto, na última jornada o Benfica tinha que vencer no Funchal o Marítimo para garantir um apuramento europeu. Como o Porto jogava em Paços de Ferreira, salvo erro, a tarefa do Benfica era só fazer melhor ou igual que o Porto. Estava em causa uma época sem competições da UEFA. Pois o Benfica conseguiu fazer pior que o Porto e ficou de fora da Europa. O Porto, que era dado como morto, conseguiu esse apuramento. Jogou a Taça UEFA e ganhou-a! A seguir venceu a Liga dos Campeões.

Nos últimos anos voltámos a ser os campeões de Portugal. Podíamos e devíamos ter conquistados dois desses títulos em pleno estádio do Dragão. Não fomos capazes, perdemos 3-1 com o Porto reduzido a 10 e uns anos mais tarde aconteceu aquilo do Kelvin. Das duas vezes bastava um empate.

Depois voltámos a ganhar campeonatos e esta época vínhamos a fazer uma recuperação espectacular. Antes deste clássico o Benfica goleia no Restelo, o Porto perde em casa com o Arouca. A nação benfiquista volta a cair no erro que íamos bater em mortos. Não batemos porque somos sempre nós que os ressuscitamos e isso deixa-me louco.

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Quando vi os jogadores do Benfica a perderem tempo após o 1-0 e a equipa a tirar o pé do acelerador como se o jogo estivesse controlado, senti-me o único adepto naquele estádio que estava preocupado com a reacção do adversário e a sentir que os estávamos a convidar para uma reviravolta.

Quando Mitroglou põe o Benfica na frente o passo seguinte era cair em cima deles, era procurar o 2-0, era manter a pressão em cima deles, só assim eles podiam sentir que estavam na fase que nós queríamos que eles estivessem.

Não o fizemos, sofremos o empate e depois entrámos em desespero com vários golos falhados e uma exibição de outro "morto", Casillas.

Quando se pedia uma reacção forte na 2ª parte e maior eficácia na finalização assistimos, mais uma vez, ao regresso do Porto à vida saindo da Luz com os três pontos.

 

Com isto não estou a dizer que todos os benfiquistas levaram este clássico de ânimo leve nem que os jogadores, treinador e dirigentes encararam de maneira errada o jogo. Nada disso, todos dentro do Benfica sabiam da importância e da dificuldade da partida. Mas no futebol este ambiente de optimismo exagerado sente-se no ar e passa. Se há clube com o qual o Benfica nunca deve encarar com excesso de confiança é o Porto, os benfiquistas, melhor do que ninguém, não só deviam saber como tinham obrigação de saber.

A maneira como o Estádio da Luz passou da euforia ensurdecedora com a equipa em vantagem ao silêncio e apatia geral, mostrando mais vontade no lançamento das cartolinas do que em puxar pelos seus é a prova que documenta tudo o que estou a deixar escrito.

 

Para não passar ao lado do jogo jogado, uma rápida leitura e interpretação do que vi.

Do lado de Rui Vitória nada a declarar, manteve a equipa que tem dado boa conta do recado no campeonato e manteve Lindelof na ausência de Lisandro. A equipa entrou motivada e foi a reboque de Renato Sanches em busca do golo. Boas movimentações atacantes, cheios de moral e confiança com Pizzi e Gaitan a partirem das alas para criarem mais opções a Mitroglou e Jonas sob o controlo de Samaris. Chegou com naturalidade o 1-0.

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Estava do lado de José Peseiro o peso de uma reacção e a invenção de novas soluções. No seu 4-2-3-1 tentou o efeito surpresa ao chamar Brahimi para o centro do terreno deslocando André André para as alas. Não resultou e até evidenciou um dos maiores problemas do seu futebol, as saídas com bola a partir da defesa que acabam mal. Peseiro emendou e percebeu que o importante era ultrapassar com critério a primeira fase de pressão benfiquista. Sempre que a bola passava a primeira barreira, ainda no meio campo do Porto, o jogo tornava-se mais fácil e aberto para os azuis porque no meio campo tinham a vantagem de ter espaço para servir os corredores laterais, já com Brahimi lá colocado. Foi assim que surgiu o empate.

Descoberta a fórmula para responder com perigo à pressão do Benfica, o Porto inspirou-se na exibição do seu guarda redes para acertar marcações e para sair com mais segurança para o ataque.

O Benfica só criou perigo verdadeiro em contra ataque rápido e o Porto respondeu com o 1-2. Eficácia e estabilização das linhas recuadas.

Depois a resposta de Rui Vitória não foi nada convincente e as posições inverteram-se, o Benfica mostrava desespero e o Porto segurança. As substituições de Vitória foram o sinal de alarme, a entrada de Salvio foi uma boa notícia mas estranha-se por ser tão rápida.

 

No fundo, após o 1-0 o Benfica passou para o relvado o que se sentia nas bancadas, excesso de confiança que deu espaço a uma reacção fatal do Porto. Já vi isto tantas vezes.

Passámos de um momento de sonho com a vantagem para o sentimento de pesadelo com a derrota e agora resta-nos esperar o milagre de tudo correr bem e chegarmos a campeões sem vencer pontuar num único confronto com os adversários directos. Só há mais uma hipótese e pode não chegar.

Belenenses 0 - 5 Benfica: Perus, Galinhas? A Malta Gosta é de Pastéis!

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O futebol português nesta época tem sido assim: durante a semana insinuações,ruído, provocações e insultos nas redes sociais do líder dos líderes no campeonato. Depois há uma pausa para a bola rolar e o Bi Campeão entra em campo e resolve os seus jogos de maneira categórica. Sem cotoveladas, sem turbulências na zona do banco dos suplentes, sem treinador nem presidente expulsos, sem penaltis polémicos, sem apertos a árbitros, sem choradinhos e sem grandes sustos.

 

Por exemplo, nesta época 2015/16 o duplo cruzamento com a equipa do Belenenses, que até deixou uma boa imagem na Liga Europa e tem vindo a fazer um campeonato interessante, saldou-se com um total de 11-0 para o Benfica. Assim, sem espinhas. Sem Tonel.

A resposta às provocações de Perus e Galinhas veio desta forma arrasadora, devorando pastéis. Por isso é que o povo benfiquista enche o Restelo numa 6ª feira à noite, entra sorridente no estádio e sai feliz para um fim de semana tranquilo.

 

O Benfica chega à fase decisiva da época com uma confiança impressionante. Não havia Luisão, houve Lisandro. Os dois estão lesionados? Entra Lindelof e ninguém treme. Isto é de valor.

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No Restelo havia a pressão de ser o primeiro a jogar e não poder falhar para encarar o clássico na máxima força. A equipa correspondeu e entrou como tem sido habitual, forte, com posse de bola e um futebol atacante à procura do golo desde o primeiro minuto.

Do outro lado havia a promessa de não defender com autocarro e tentar jogar o jogo de igual para igual. O maior mérito de Julio Velásquez foi ter cumprido a promessa e ter alimentado o sonho dos adeptos da casa durante toda a primeira parte. À medida que o Benfica ia desperdiçando oportunidades de golo, a equipa azul ia ganhando confiança e procurando responder sempre conduzida por Carlos Martins e Miguel Rosa, à procura das desmarcações de Juanto Ortuño e Sturgeon. O mediátio e recente reforço colombiano Abel Aguilar ajudou no meio campo mas ainda longe da integração ideal.

 

Rui Vitória manteve a confiança em André Almeida, apesar de Nelson Semedo estar apto, e só mexeu onde foi obrigado a mexer, Lindelof ao lado de Jardel. Geriu Eliseu que continua a um cartão amarelo do castigo de um jogo. Do meio campo para frente começa a fazer-se história. Renato com Samaris, Pizzi e Gaitán nos flancos, Jonas e Mitroglou na frente, é uma combinação que está a resultar numa produção ofensiva nunca vista em tempos recentes!

A dupla atacante já assinou 34 golos em 21 jogos, ontem o grego fez o seu primeiro hat-trick pelo Benfica e Jonas voltou a bisar. Pizzi e Gaitán voltaram a contribuir para os golos e ficaram a dever a si próprios mais uns golos para as suas contas pessoais.

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Tudo isto movido pelo poder de Renato Sanches, um talento puro sem filtros que só sabe empurrar a equipa para a frente e que se tornou o ponto de referência incontornável nesta equipa. Simples e eficaz para um miúdo acabado de chegar aos seniores. Daqui a uns anos vamos poder dizer com orgulho que assistimos aos primeiros passos do Renato e que já jogava mais que muito.

Uma palavra para o nosso guarda redes, Júlio César está ao nível dos maiores "números 1" que já defenderam a nossa baliza. Categórico!

 

Falando objectivamente do jogo, há que dizer que a primeira parte não estava a ser bem conseguida devido ao arrastar do 0-0 e que foi preciso uma falha de Ventura para chegarmos ao intervalo de forma mais descansada. Depois deste primeiro golo de Mitroglou é que o futebol do Benfica se mostrou em todo o seu esplendor, uma segunda parte de luxo com golos a partir do minuto 53. A partir daí a única dúvida era saber por quantos o Belenenses ia perder na sua casa. Ficámos pelos cinco, o suficiente para termos de ir a 1964 encontrar um triunfo maior ali: 0-6 em 1964/65.

 

Aliás, estas goleadas têm o condão de deixar os adeptos e observadores entretidos entre os jogos a fazer contas e consultarem estatísticas que revelem os recordes históricos em termos de golos e vitórias. Muito mais elegante e saudável do que pertencer a um circo de vouchers e influências arbitrais a que outros grupos se dedicam.

 

Há registos para todos os gostos, 59 golos em 21 jogos de campeonato, 80 golos em 33 jogos, contando todas as competições oficias, 11ª vitória seguida e por aí fora.

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Mas o melhor é pensarmos que apenas estamos a cumprir a nossa obrigação, com brilho é certo, mas são apenas 3 pontos de cada vez. E temos que ter mente que esta veia goleadora não se tem reflectido nos duelos directos com os dois rivais. Seguem-se os jogos decisivos da temporada, o clássico para a Liga e o duelo com o Zenit na Europa, é para a frente que temos de olhar com a humildade de nos lembrarmos que até agora ainda não fomos felizes em nenhum jogo contra os dois concorrentes directos. A moral está alta, a motivação no máximo, a confiança é maior que nunca mas a verdade é que vamos à procura de fazer os primeiros golos na Liga a Porto e Sporting, isto é que tem de nos preocupar a partir de hoje.

É válido para nós como é válidos para os nossos inimigos que devem estar bastante apreensivos com estas sucessivas demonstrações de futebol à Bi Campeão.

 

A recuperação desde o jogo com o União na Choupana foi exemplar, na altura eu pensei que tínhamos desistido do Tri, mas de nada serve se não for só o nosso lançamento para uma ponta final de campeonato feliz. A começar já na próxima sexta.

O 21º jogo no campeonato foi mais um tratado de futebol em casa alheia, vamos saborear esta goleada sentados no nosso lugar até os outros jogarem.