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Red Pass

Rumo ao 38

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Sporting 2 - 1 Benfica ( após prolongamento ) : Pensar nos Penaltis, Cair no Prolongamento

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O fascinante dos momentos que antecedem estes derbys no campo adversário é que cada um os vive de maneira diferente mas sempre procurando conforto nas melhores memórias de maneira a levantar a moral e motivação no caminho algures entre Telheiras e o Lumiar. Mesmo em épocas que vamos muito confiantes para lá lembra-se sempre as noites dos 3-6 ou do Sabry, os dois pólos opostos entre a exibição de sonho e a exibição miserável que acaba em glória.

Quando já vamos para o terceiro embate da época antes de Dezembro com duas derrotas em cima a tendência é lembrar aqueles anos em que não tínhamos praticamente nada, futebolisticamente falando, e mesmo assim enchia-se o topo norte do velho Alvalade com uma mancha encarnada.

Neste contexto só sei falar do ambiente que se vive a caminho e dentro do estádio do rival. Não sei como se acompanha este derby à distância seja por imposição ou opção. Aconteceu-me em Fevereiro deste ano ter de ficar em casa dias após uma operação ao nariz. Odiei ver o jogo pela televisão. Não corresponde ao que se vive no local.

 

Ontem quando me falavam dos dois últimos derbys eu ia sorrindo enquanto respondia que se fosse dar importância a isso nunca teria festejado o recital do João Pinto ou o livre do Sabry in loco. O meu primeiro derby em Alvalade foi uma loucura dos deuses do futebol, assim do nada com um jogo equilibrado ao intervalo acabou 7-1. Isto em época de dobradinha para nós. Um dos derbys a que fui mais contrariado aconteceu em 1994 após um triste empate caseiro com o Estrela da Amadora. Hesitei em ir, acabou 3-6.

Isto para dizer que sei tudo sobre o antes e pós derby.

 

Novidade Táctica

 

Rui Vitória resolveu alterar o esquema táctico após a pausa competitiva de clubes. Chegou a Alvalade e aproveitou a indisponibilidade física de Jonas para apostar num meio campo mais povoado só com um avançado fixo. Algo que já tem sido questionado tantas vezes e que nunca foi opção porque em Madrid o esquema habitual deu certo.

As escolhas individuais mais relevantes foram Silvio na direita, Pizzi a reforçar o meio campo, Talisca como médio mais solto e Mitroglou na frente. O resto foram as apostas habituais.

O Benfica entra bem no jogo e logo aos 5' chega ao golo por Mitroglou. Impossível um melhor começo para cimentar a aposta táctica e fazer explodir o sector mais bonito daquele estádio.

Naqueles momentos tenho saudades de ter menos 20 anos e sentir aquela liberdade de festejar um golo como se o mundo tivesse parado naqueles segundos e todos os problemas estivessem resolvidos por aquela bola que entrou na baliza verde. Ficar anestesiado de alegria e só uns minutos depois olhar para o relvado e perceber que afinal a vida continua e que ainda há muito jogo pela frente. Hoje ainda há aquele momento de explosão mas já dura muito menos. Uns breves instantes de alegria, alivio de sorrir para o lado e comentar: eu não disse?

Mas de imediato a razão fala mais alto e olho para o tempo no marcador para respirar fundo a pensar nos longos minutos que tenho pela frente.

 

O golo deu tranquilidade à equipa para acertar marcações e posicionamentos defensivos. Foi uma primeira parte interessante com o Benfica a fazer o que ainda não se tinha visto esta época contra o rival, equilibrou o jogo e fechou bem os caminhos para a baliza de Júlio César ensaiando saídas em contra ataque deixando o adversário desconfiado.

Fez-se o que parecia mais complicado, chegar à vantagem num estádio com um ambiente ultra confiante perante uma equipa super motivada. Dentro e fora de campo instalou-se a ordem natural das coisas, o Benfica a vencer.

 

Todo o bom trabalho da primeira parte caiu antes do intervalo num desacerto defensivo com Slimani a reagir melhor que Luisão a um corte incompleto, passe para a entrada da área onde estava Adrien que não falhou o remate para o empate.

 

Segundo Tempo

 

Segunda parte e tudo igual. Era preciso voltar a procurar o golo de maneira convincente e gerir meia equipa perigosamente "amarelada".

Houve momentos de aflição na nossa defesa, houve momentos de equilíbrio e houve raros lances em que estivemos perto de chegar à vantagem. Na prática sentia-se o Sporting mais perto do golo do que nós mas na verdade a equipa ia conseguindo anular o entusiasmo dos da casa. A vantagem de termos um meio campo com mais um homem do que o habitual começava a preocupar pelo desgaste físico.

Não me pareceu que Pizzi tivesse sido uma aposta mais feliz do que André Almeida de inicio, por isso vi com naturalidade a substituição com uma hora de jogo. Manteve-se o plano de jogo e era notório que o Benfica só iria conseguir o apuramento nos 90 minutos com um lance de génio de Gaitán ou na velocidade bem metida de Gonçalo Guedes. Infelizmente, não apareceu nenhuma destas soluções. O jogo arrastou-se para o prolongamento com o Sporting a fazer um último assalto forte à baliza de Júlio César. Sobrevivemos para o prolongamento.

 

Voltar às Origens Tácticas

 

Estranhamente, Rui Vitória optou por não fazer as duas substituições que ainda tinha para os 30' finais. Preferiu manter a mesma equipa começando a dar sinais que ir a penaltis não era mau.

Nada mudou no prolongamento e a postura dos jogadores a deixar passar o tempo não me agradava nada. Aos 5' é lançado Jimenez pelo desgastado Mitroglou, belo jogo fez o grego. Continuava tudo na mesma, portanto. Rui Vitória parecia aliviado por não ter perdido o derby ao fim de 90 minutos pela primeira vez ao fim de três jogos

No intervalo do tempo extra, Rui Vitória resolve chamar Jonas e tirar Gonçalo Guedes. O Benfica voltava à fórmula habitual com um Jonas debilitado para os últimos 15 minutos numa tentativa de surpreender e chegar a um golo que esteve sempre longe de acontecer. 

Sete minutos depois golo do... Sporting. A equipa perde a cabeça, Samaris vê o segundo amarelo mostrando que acabava ali a esperança e criando preocupação para Braga.

O Benfica ainda reage e até podia ter chegado ao empate num lance à nossa frente onde Luisão sofre falta e dava penalti. Podia ser a repetição do que fizemos ali em Fevereiro, na mesma baliza e tudo.

Mas a sorte mudou, o ciclo mudou e em vez de festejarmos um empate tardio saímos dali em cacos. Um guarda redes suplente expulso ainda na primeira parte, o melhor médio castigado para o próximo jogo, Luisão de braço partido e Gaitán também para o hospital depois de perda de consciência. Não é preciso mais nada para perceber que estamos noutro ciclo.

 

Mais Uma Depedida Prematura do Jamor

 

Sair da Taça de Portugal antes do fim do ano começa a ser tradição, nos últimos anos tem acontecido muito. Portanto, a novidade nem é pela eliminação da hipótese da festa em Maio no Jamor.

A novidade é que em 6 meses passámos de grandes dominadores no derby para dominados. Não estou habituado a isto, é novo para mim. Não gosto mas sei que não me vale de nada amuar e ameaçar não ir mais à bola e essas coisas todas.

No próximo jogo na Luz lá estarei.

 

Mas também sei que esta época não terei o calendário sobrecarregado de emoções até ao verão. Provavelmente, será uma maratona desgastante e não muito proveitosa. Tudo ao contrário do que tem sido a minha vida de adepto benfiquista nos últimos anos. Infelizmente, não é novidade. Já passei muito pior e nunca tive vontade de acabar com esta fidelidade. Mas também percebo que esta é uma boa altura para resolver assuntos importantes da vida além Benfica. Sendo assim, cumprido o dever de ir ao terceiro derby do ano apoiar o Benfica vou preparar uma curta ausência para celebrar o casamento com a mulher que me atura há sete anos e por isso não estarei em Braga, vou acompanhar à distância desde Roma. ( Quem tiver dicas sobre a capital italiana pode deixar nos comentários. Obrigado )

Faz tudo sentido, tenho sido tão feliz com o Benfica desde que me juntei com a noiva que há que aproveitar este momento de mudança para avançar.

 

A Taça só durou dois jogos, ficam adiadas as viagens a locais escondidos deste país para a próxima época.

Segue-se desgastante viagem ao Cazaquistão para a Champions League onde estamos bem e precisamos de dar sinais positivos tendo em conta o próximo desafio na Liga.