Não podia ser de outra maneira, o vencedor deste campeonato nem estava em campo quando se sagrou campeão e o culpado foi o Benfica que depois de ter estado na liderança com 5 pontos de vantagem arranjou maneira de entregar o título quando ainda ficam a faltar 2 jogos para o final da temporada.
Estava-se a adivinhar após o jogo de ontem no Funchal que este domingo ia ser triste. O jogo de Vila do Conde é um bom exemplo do que foi este campeonato para nós. Começarmos em desvantagem, conseguirmos apanhar o adversário, depois até conseguirmos dar a volta e ficarmos em vantagem para no fim estragarmos tudo e sairmos cabisbaixos. Foi com este 2-2 que tudo começou em Barcelos é com 2-2 que tudo acaba. Pelo meio muita coisa por explicar, um Emerson que agora se eclipsou, opções estranhas no banco como hoje se viu desde Javi no banco às substituições de Matic por Saviola. Muitos equívocos que acabaram mal.
Não sei o que pensam fazer os jogadores nos últimos dois jogos mas convinha segurarem o acesso directo para a Liga dos Campeões a ver se na próxima época entramos com toda a paz no campeonato ao contrário dos últimos anos em que arrancamos as épocas em nervos com os diferentes jogos de apuramento para as competições europeias. Não sei se o treinador continua, não sei quem sai, não sei quem entra. Sei que este foi o jogo oficial 50 do Sport Lisboa e Benfica em 2011/12, essa meia centena de jogos está aqui documentada no blog sempre com a mesma paixão, na maior parte das vezes após chegada da Luz ou dos estádios por onde o Benfica andou.
Hoje completa-se um ciclo com estes 50 jogos. Para a semana não sabemos se há jogo com o Leiria porque o nosso futebol é assim.
A partir daqui vem o pior que a vida benfiquista tem para nos dar. Barulho, rumores, dezenas de jogadores "contratados", outros tantos "dispensados", incerteza com o treinador e mais barulho.
Quando perguntam aos jogadores o que é a mística do Benfica estes inventam respostas vagas porque não fazem ideia o que isso é. Eu se calhar também não sei mas tenho para mim que descobri o que é a tal mística ou o ser benfiquista. É algo que se sentimos sempre e se manifesta mais emocionalmente nos momentos em que sabemos das datas e horários dos jogos do nosso Benfica e corremos para os calendários e olhamos para as contas do mês e damos início a um estranho ritual que é combinar onde é que nesse dia vamos almoçar, quantos vamos e como vamos. O dia em que o Benfica joga fora da Luz é sempre dia de mística que está no convívio entre amigos de sempre, amigos recentes ou mesmo desconhecidos numa conta de somar que já vem desde a infância. Olho à volta e vejo quantos amigos de agora e de sempre me acompanham nesta vida benfiquista e percebo que a tal mística está aí. À mesa enquanto provamos com prazer os tesouros da gastronomia de norte, centro, sul e ilhas, mil e uma conversas se repetem em refeições que acontecem há anos e anos. Os amigos que partilham do nosso benfiquismo que vamos fazendo um pouco por todo o país também representam essa mística.
Mais do que ganhar ou perder o Benfica é uma estranha forma de vida que ganha prioridade em cerca 50 dias entre Julho e Maio. Haja aniversários, haja concertos, haja almoços marcados, haja jantares de família, haja convites de amigos, o que prevalece sempre é estar onde o Benfica está, deixando para trás pessoas que gostam de nós e não ficam contentes com a nossa ausência física ou psicológica. Sempre presente na Luz, muitas vezes pelo país fora e algumas vezes na Europa. Não há nada mais motivante do que começar a planear uma viagem para fora do nosso país a pensar em ir apoiar o nosso clube usando estratégias de rotas baratas e acessíveis. Se o Benfica depois tem sucesso ou não já é outra conversa, a vontade de estar onde está o nosso clube é que conta.
Comigo tem sido assim ao longo dos 39 anos de vida que levo, sei que não vai mudar muito. As vitórias serão sempre celebradas com felicidade, as derrotas serão sempre recebidas com dureza e tristeza mas depois tudo recomeça. Eu sou o que fui ver a 2ª mão com o Celta na esperança de marcarmos cedo e... Eu vi apresentações de época com Bossios , Rojas, Pesaresis e afins e acreditei sempre que íamos ser campeões. Eu não perdi um jogo na Luz estivesse na baliza o Bento ou o Bossio, o Roberto ou Preud'Homme. Eu fui sempre apoiar o Benfica fora quando pude jogássemos nós de rosa, prateado, amarelo ou de encarnado sagrado. Eu acreditei sempre no sucesso fosse o Presidente Fernando Martins ou Vale e Azevedo.
Nada nem ninguém me fez deixar de ir ver o Benfica, nada nem ninguém me fez deixar de pagar quotas desde Maio de 1984, nada nem ninguém me fez desistir do Benfica. Não me parece que seja agora que isso vai mudar porque o Benfica para mim é uma coisa muita simples: amar e seguir aquele emblema da roda da bicicleta com a águia por cima para todo o lado.
Por tudo isto fica um até já. Até ao primeiro jogo oficial de 2012/2013 se houver vontade para mais uma época de crónicas.
Anteontem cheguei aos 39 anos de vida. Entre vários sms simpáticos que recebi lá veio aquele automático do Luís Filipe Vieira, Presidente do clube que escolhi para paixão da minha vida.
Vieira, obrigado pelos parabéns mas eu queria mesmo era estar em vias de festejar o 33º ou então ter voltado a festejar o aniversário em Barcelona.
Obrigado a todos os que se lembraram e deixaram mensagens via mail, comentários ou sms. Bem hajam.
Portanto, depois da rábula do Benfica 1 VISITANTE 0 , depois da rábula de termos um speaker a incentivar a equipa em pleno jogo com o Braga, já para não falar em cortes de Luz e regas fora de tempo, temos agora a moda de dar o número oficial de espectadores no estádio com o pormenor de acabar no número da camisola do autor do 1º golo da tarde.
Isto era tudo muito engraçado se não fosse uma reles imitação do que de pior se faz em recintos de gente que representa tudo aquilo que não devemos ser e copiado de clubes que têm no ódio ao nosso clube uma das suas principais características.
Se querem imitar porque não procuram bons exemplos? Paguem um estágio na Bundesliga ao speaker e a quem manda nele , por exemplo.
Quando regresso desses estádios onde o ódio ao nosso clube mais se evidencia tenho sempre o cuidado de escrever na crónica de jogo que acho triste ter speakers a intervirem durante o jogo, que acho triste que prefiram dizer Visitante em vez de Benfica e que acho uma palhaçada a rábula do número de espectadores.
Vale a pena criticar? Para quê? Depois acabo por levar com os mesmo números na minha casa... São pormenores? São. Quer dizer, alguns não são assim tão insignificativos porque até dão multa. Mas são estes pormenores que denunciam a perda de identidade e a queda na tentação de imitarmos os piores exemplos. Para mim é grave. Muito grave que silêncios ou esporádicos insultos a quem nos treina e quem nos governa, sobretudo a quem nos governa e que deixa estas aberrações acontecerem na nossa casa. O que nem é de estranhar já que depois de tanto nos queixarmos da maneira como somos recebidos em alguns recintos ainda acabamos por ir lá treinar em vésperas de jogos importantes.
Estamos a meio da primeira parte e o Benfica já está em vantagem. Apesar de estarem mais de 40 mil adeptos na Luz o ambiente é estranho. Os jogadores sentem, quem está a ver na televisão também porque mandam sms a perguntar o que se passa e o treinador do Benfica também sente. O que se passa é que nos sectores onde costuma haver apoio incondicional havia silêncio.
Mais de 9 meses após o arranque da temporada houve silêncio. Depois de dezenas e dezenas de jogos sempre a cantar o nome do Benfica bem alto houve uma pausa. Uma pausa para que se lembrem de como não aproveitaram todo esse apoio.
Estou no meu lugar e reparo que Jorge Jesus sempre que o jogo pára caminha em frente ao banco virado para sul e olha. Olhou uma vez, olhou duas vezes e olhou três vezes com aquele ar desconfiado por tamanha calmaria do seu lado direito. Aproveitei este cruzar de olhares para partir para um diálogo impossível com o nosso treinador que é isto:
JJ - Estamos a ganhar e continuam tão caladinhos... Estamos a jogar bem...
eu - Engraçado, olhei para ti noutras alturas da época e nunca vi a olhar para aqui com tanta curiosidade. Estou me a lembrar do jogo de Coimbra quando tiraste o Aimar para lançar o Yannick, por exemplo.
JJ - Ganhámos a Taça da Liga e ainda estamos na luta pelo título.
eu - A Taça da Liga sabe a pouco depois de termos estado com 5 pontos de avanço sobre uma equipa treinada pelo Vítor Pereira. Deixaste fugir 5 pontos de avanço e agoras queres convencer-me que o Pereira perde 4 pontos? Tem juízo.
JJ - Sim, mas estou admirado com essa postura.
eu - Óptimo. Agora também já sabes o que é estar num estádio com o Benfica e não compreenderes o que se passa. É que eu também olhei para ti várias vezes e não percebi o que estavas a fazer. O Emerson, queres falar no Emerson? O que foi aquilo em Guimarães ?! E em Olhão, como é possível tanta passividade?! E como é que se deixa escapar uma vantagem de 2-1 em plena 2ª parte na Luz no jogo com o Vítor Pereira?! Tanto olhei para aí, tal como agora, e não vi nem reposta, nem ponta de arrependimento.
JJ - Mas eu gosto do vosso apoio, até já elogiei publicamente...
EU - E eu gosto do teu trabalho, já o elogiei. Só que te falta um bocado de humildade e realismo na tua tarefa de nos fazeres feliz. Tu sabes como pôr a equipa a jogar à bola e a ganhar mas falta-te perceber que isto não vai lá só à tua maneira. Tens que perceber que um Emerson da vida não serve para aquele lugar, que quando se pensa em reforçar a equipa em Janeiro devemos reforçar mesmo em vez de brincarmos ao circo. É que os outros foram buscar o Lucho, que afinal não está assim tão podre e um tronco ponta de lança que tem dado mais jeito que o Kléber.
JJ - Mas não é com silêncio que vamos lá...
eu - O que sabes tu sobre isso? Em 3 anos de banco na Luz nunca te faltou o apoio aqui mesmo quando as noites não acabavam como nós queríamos. Sempre tiveste apoio na Luz e em todo o lado onde vamos jogar. Apoio esse que não merece da vossa parte um gesto nobre como virem junto a nós cumprimentar o pessoal. Como em Londres que se despediram do meio do campo ou como em tantos outros estádios em que raramente oferecem uma camisola a quem vos segue para todo o lado preferindo dá-las a adversários ou ao gang dos cartazes em cartolina da moda.
JJ - Ok. Mas fico admirado com este silêncio.
EU - E eu fiquei admirado com a forma como foste jogar para Alvalade com a única equipa que eu "exijo" golear sempre. E olhei para ti mas aí estiveste sempre de costas para mim. Nem te viraste como agora para questionar o forte apoio que vinha da bancada apesar da qualidade do nosso futebol ser zero. Aí é que devíamos ter ficado em silêncio, não é? Mas nós não somos como a tua rapaziada que "desiste" dos jogos antes de tempo. Acreditamos e empurramos até ao fim, como sabes.
JJ - Sim, e estiveram sempre bem.
Eu - Eu sei. Mas hoje regressar à Luz ocupar o meu espaço na bancada e perceber que tenho 4 pontos a menos que o líder e que ainda há pouco tempo tive 5 de avanço tira-me a vontade de gastar a minha voz. Não, Jorge, eu já não acredito no título. Gostava que hoje a equipa percebesse que estamos desiludidos.
JJ - Vamos ganhar por vocês.
eu - Não, hoje ganham pelos que assobiam o Cardozo e o Emerson e que insultam a equipa quando joga para trás mesmo quando estamos a ganhar e pelos que saem mais cedo mesmo com o jogo empatado ou mostram lenços brancos e pelos que preferem ir ver o clássico espanhol em vez de vir à Luz ou ver o Benfica até ao fim. Hoje esses é que merecem porque estão a tentar puxar por vós.
JJ - Calma, a gente vai marcar aí na vossa baliza também, vais ver.
EU - Para quê?! Para depois desatarem a correr para o outro lado da bancada onde não há faixas, bandeiras, estandartes e pessoal pronto a saltar aí para dentro para abraçar os goleadores? Aliás, curiosamente hoje não entrou nada disso na bancada...
JJ - Vá, vamos ganhar e acreditar até ao fim.
EU - Eu acreditei naquelas sextas e segundas feiras malditas em que vocês alinham jogar ignorando completamente a malta desta bancada que faz tudo para vos ir apoiar e fica inutilizada com os vossos acertos de calendário. Acreditei que ganhávamos em Guimarães, Olhão e Alvalade. Agora até ao fim não me peças. Lá por estoirar fortunas em viagens repetidas, lá por deixar tudo para trás para estar presente onde vocês jogam não quer dizer que seja otário ao ponto de estar a ver o título ganho nestas condições. Aproveita para te habituares com a contestação que ignoras quando insistes num Emerson, por exemplo. E pensa bem se queres continuar por aqui mesmo com o pessoal já saturado de finais de temporada a "acarditar muita fortes". E quando o teu chefe voltar ao contacto com a equipa pergunta-lhe também se é isto que ele quer continuar a fazer.
Na 2ª parte voltou o apoio em força. O Marítimo fez golo e andou ali a cheirar o 2-2. O apoio esmoreceu até novo silêncio e o Benfica chegou aos 4-1. Dá que pensar. Se calhar isto é mesmo só quando eles querem e mais nada.